O Demônio Impessoal
Adormecido estava. Até que aquela noite
Estava a sussurar-lhe ao ouvido, entre as pessoas
E minha mente o invoca, a carne sente o toque rançoso
Em mim, a voz daquele demônio ressoa.
Semanas e inda agora, em magistral desespero
Lanço aos Ventos
Choro, estraçalho, me calo
Escondo e sorrio, cresce a semente dos meus lamentos.
A carne branca hoje se torna disforme
Mas, depois de levarem-me a dignidade
Que há de convencer-m que o valor
Do homem é maior que de um porco à se expor?
Ali mostram-se as entranhas. Aqui, a memória latente
“Porque Deus? Porque que eu? A pensar por toda gente
E carregar a triste sina
De tantas mulheres e meninas”
Ninguém sabe o que houve, nem há de convir saber
Resta ao expectador emudecido contemplar
As cicatrizes, feridas e o vazio suspiro
Até que se desfaça a memória desse imundo ser maldito.
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