Gostaria de iniciar trazendo meu primeiro conto, creio que escrito em meados de 2007 e escondido até o presente momento portanto, peço perdão pela imaturidade do texto e pelos erros queo tempo fez passar em branco.
Chovia naquela noite gelada. A tristeza embriagava-lhe a
face,a sobriedade de seus trejeitos,o ar de mistério que rondara-lhe a face um
dia.Rígida,dura.Mas era bela,oh,como era.
A grandiosa sala onde se encontrava as paredes frias, as prateleiras,
as cadeiras de veludo. O Piano! Ao canto, o piano. Tecla por
tecla,sedutoramente apertadas,violentas,doces e cruéis.O pianista vestido à
rigor,as únicas luzes que provinham de chamas bruxuleantes das velas e da lua
pelas frestas da janela,o som que bailava no ar.tudo,tudo ali tornava a grande
sala um espetáculo majestosamente obscuro.
Aquela silhueta largada, caída ao carpete. Sangue!Sua face pálida,
seus olhos mortos, a pele macia. O Pianista a descansar do piano,bebericou um
gole de vinho e parara a observar o anjo caído à seus pés.Aquele corpo o
seduzia,ah como o seduzia,e na sua mente saboreava cada lembrança.
Sangue.
Ele estava a tocar noite adentro quando ela surgira espiando
pela fresta da grande porta entalhada. Ele a convidara a entrar e seus olhos
perderam-se dentro dos dela e ambos assim perdidos trataram-se com a rigidez e
formalidade de sempre.
Ele estava ao piano, castigando furiosamente as teclas, enchendo
a sala com a fúnebre melodia. Ela se aproximava lentamente,sedutora nos
singelos traços,sua mãos tocaram o pianista,suas mãos...acariciando-o,convidativa.
E que homem na Terra seria capaz de resistir sua demoníaca
fragilidade? E que homem seria capaz?
O Pianista e ela. Suas faces aproximaram-se e num ardente
beijo se entregaram.O quente Pianista e a frívola Dama,a perfeição e os desvios
de caráter.E quem poderia afinal resistir tamanho desejo?E a formalidade, a rigidez,
frivolidade foram trocados pelos instintos da carne, e o Pianista teve raiva;
E o Pianista a odiou;
E o Pianista sabia de si mesmo;
Pobre da Dama Maldita, Senhora de seus sonhos, Senhora de
seu destino. Pobre seja desgraçada. O Pianista a teve em seus braços e ela mal
imaginava que sua obsessão o levaria a guardá-la apenas para si.
E o Pianista abraçou seu anjo, até esmigalhar-lhe as asas. O
Pianista não permitira,não suportaria perder sua Senhora quando o sol
surgisse.Ele sabia,ela iria embora,ela estava jurada para outro,ela o seduzira,
ela o levara a contradizer toda disciplina com que vivia.
As mãos do Pianista seguraram-lhe o rosto e deu-se o Beijo
da Morte. Tocou-a como se tocasse sua última canção,percorreu seu corpo,guardou
cada sensação.
A Dama noturna então o abraçou, e o Pianista impetuoso, tomado
pela raiva, sentiu a alma despedaçar e o corpo da impura amada despedaçou. Sentia
o sangue escorrer por suas mãos e teve prazer com isso.O maior de seus
prazeres.
Tranquilamente vestiu aquele corpo e o deixou largado sobre
o carpete. Encheu uma taça com vinho dos melhores,sentou-se ao piano e tocou
por um longo tempo.
O Pianista a descansar do piano, bebericou um gole de vinho
e parara a observar o anjo caído a seus pés. Aquele corpo o seduzia,ah como o
seduzia.E a sedução o levou a tocar naquela noite sua última canção.Se inclinou
ao cadáver ,beijou-lhe os lábios azulados e então se pôs a dormir eternamente a
seu lado no paraíso vermelho.
E teve por fim sua música perfeita.
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