segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Pianista e a Dama Noturna.

Gostaria de iniciar trazendo meu primeiro conto, creio que escrito em meados de 2007 e escondido até o presente momento portanto, peço perdão pela imaturidade do texto e pelos erros queo tempo fez passar em branco.
 

Chovia naquela noite gelada. A tristeza embriagava-lhe a face,a sobriedade de seus trejeitos,o ar de mistério que rondara-lhe a face um dia.Rígida,dura.Mas era bela,oh,como era.
A grandiosa sala onde se encontrava as paredes frias, as prateleiras, as cadeiras de veludo. O Piano! Ao canto, o piano. Tecla por tecla,sedutoramente apertadas,violentas,doces e cruéis.O pianista vestido à rigor,as únicas luzes que provinham de chamas bruxuleantes das velas e da lua pelas frestas da janela,o som que bailava no ar.tudo,tudo ali tornava a grande sala um espetáculo majestosamente obscuro.
Aquela silhueta largada, caída ao carpete. Sangue!Sua face pálida, seus olhos mortos, a pele macia. O Pianista a descansar do piano,bebericou um gole de vinho e parara a observar o anjo caído à seus pés.Aquele corpo o seduzia,ah como o seduzia,e na sua mente saboreava cada lembrança.
Sangue.
Ele estava a tocar noite adentro quando ela surgira espiando pela fresta da grande porta entalhada. Ele a convidara a entrar e seus olhos perderam-se dentro dos dela e ambos assim perdidos trataram-se com a rigidez e formalidade de sempre.
Ele estava ao piano, castigando furiosamente as teclas, enchendo a sala com a fúnebre melodia. Ela se aproximava lentamente,sedutora nos singelos traços,sua mãos tocaram o pianista,suas mãos...acariciando-o,convidativa.
E que homem na Terra seria capaz de resistir sua demoníaca fragilidade? E que homem seria capaz?
O Pianista e ela. Suas faces aproximaram-se e num ardente beijo se entregaram.O quente Pianista e a frívola Dama,a perfeição e os desvios de caráter.E quem poderia afinal resistir tamanho desejo?E a formalidade, a rigidez, frivolidade foram trocados pelos instintos da carne, e o Pianista teve raiva;
E o Pianista a odiou;
E o Pianista sabia de si mesmo;
Pobre da Dama Maldita, Senhora de seus sonhos, Senhora de seu destino. Pobre seja desgraçada. O Pianista a teve em seus braços e ela mal imaginava que sua obsessão o levaria a guardá-la apenas para si.
E o Pianista abraçou seu anjo, até esmigalhar-lhe as asas. O Pianista não permitira,não suportaria perder sua Senhora quando o sol surgisse.Ele sabia,ela iria embora,ela estava jurada para outro,ela o seduzira, ela o levara a contradizer toda disciplina com que vivia.
As mãos do Pianista seguraram-lhe o rosto e deu-se o Beijo da Morte. Tocou-a como se tocasse sua última canção,percorreu seu corpo,guardou cada sensação.
A Dama noturna então o abraçou, e o Pianista impetuoso, tomado pela raiva, sentiu a alma despedaçar e o corpo da impura amada despedaçou. Sentia o sangue escorrer por suas mãos e teve prazer com isso.O maior de seus prazeres.
Tranquilamente vestiu aquele corpo e o deixou largado sobre o carpete. Encheu uma taça com vinho dos melhores,sentou-se ao piano e tocou por um longo tempo.
O Pianista a descansar do piano, bebericou um gole de vinho e parara a observar o anjo caído a seus pés. Aquele corpo o seduzia,ah como o seduzia.E a sedução o levou a tocar naquela noite sua última canção.Se inclinou ao cadáver ,beijou-lhe os lábios azulados e então se pôs a dormir eternamente a seu lado no paraíso vermelho.
E teve por fim sua música perfeita.

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