segunda-feira, 1 de outubro de 2018

domingo, 26 de janeiro de 2014

O meu Amor não é egoísta.
Não exige presença, não questiona, não prende e não sufoca.
O meu Amor é manso.
O meu coração não bate, mas voa no espaço em liberdade.
O meu Amor não grita. não chora, nem se desespera.
Não teme ter fim porque desconhece o amanhã e o hoje basta pra existir.
O meu Amor não esperava reconhecimento ou solidez;
apenas ansiava por ser.
Não buscava ser amado, buscava apenas amar e expandir-se.
O meu Amor simplesmente era.
Sem esperar por ser, sem esperar por ter
O Amor.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Crônica de centro de cidade

Um dia cinza não proporciona muitas oportunidades. Na verdade, caras amarradas parecem estampadas por todos os lados enquanto, jogados pelos cantos moradores de rua são como fantasmas. O cenário banal da correria reflete um retrato triste da indiferença.
E eu, ali parada faço também parte daquele quadro. Feliz em ser paisagem, telespectadora do mundo à observar a vida que passa ao meu redor. Um senhor se pesa, uma loja toca música, duas jovens trocam confidencias de adolescente, a chuva não cessa e meus olhos à passearem por cada personagem, se fixam numa moradora de rua.
Ela é uma mulher de idade que suja e maltrapilha, segura um colorido guarda chuva de criança. E dança. Dança no meio da rua, na chuva, alegre a equilibrar os passos soltos e o guarda chuva. Tenta cumprimentar um, acena para outro, distribui sorrisos desdentados enquanto saltita de um lado pro outro.
Não existe mais ninguém no seu mundo, ninguém relevante para que ela se importe o suficiente e deixe de seguir sua vontade. As fazes amargas espiam a “louca” com desprezo, debocham, viram o rosto, riem com escárnio ao passar por ela.
Homens enfiados em seus ternos, jovens falando ao celular, mães protegendo suas crianças...Todos perfeitos, todos perfeitamente encaixados numa função predisposta pelo conceito de sociedade, todos perfeitos à desprezar a alegre dançarina.
De longe eu observo. E num instante já me encontro apaixonada pela “louca”, quero correr até ela, dar-lhe um abraço, enche-la de beijos e dizer o quanto ela é linda e o quanto a sua felicidade, que os normais desprezam é linda, preciosa, sublime!!! Emana Luz. Naquela manhã, o corpo mais pobre, a carne mais macilenta e enrugada, a camada de pó e desleixo na verdade escondiam uma caixa de joias, guardando a mais valiosa alma ali presente.
Loucos eram todos aqueles...Normais porém infelizes.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sobre anjos à luz da Lua.

Existem encontros que são inevitáveis, não importa quanta destruição possa trazer e foi assim, num desses encontros que aconteceu...Nosso único caminho era o mesmo: Seguir em frente.
Eu me lembro sobretudo, da Lua que majestosa era cúmplice carinhosa do exato momento em que nossas vidas bateram de frente. Sua luz escorria para a Terra como se a própria desse sua benção particular. Mas os Astros que vivem no Universo são estranhos e muito além da nossa compreensão, assim como a vida, as bençãos e os milagres.
Foi atendida uma prece de menina, um anjo me foi enviado tão estranho e além da minha compreensão, exatamente como deveria ser. E foi então que a frieza de poucas palavras e a racionalidade se tornaram desesperadamente minhas maiores inimigas me sufocando, e como uma luz o caminho se abriu até que eu me encontrasse viva e verdadeira nos seus braços.
Na pele eu sinto seus pesares, nos olhos eu decifro suas dores, no toque delicado das suas mãos eu te sinto e cada poro teu me convida a compreender e a proteger-te, como se uma mortal tivesse essa capacidade tão estranha e além da nossa compreensão. A cada batida do teu coração, eu contemplo o milagre da sua presença!!!
Um anjo me foi enviado e ele me ensinou a ter conversas inteiras em completo silêncio. Um anjo me foi enviado e então eu não estive mais tão só. Um anjo inevitavelmente me foi enviado, mas decidiu caminhar ao meu lado. Eu não o escolhi. O encontrei e nele, eu me encontrei.
Apenas um anjo foi capaz de compreender que eu não preciso sorrir mais e que as feridas me completam. Um anjo me trouxe de volta à vida na segurança dos seus braços e nos seus gestos carinhosos não existe dor.
Eu quero manter esse anjo vivo e que jamais perca suas asas ou se torne humano, eu apenas desejo que a graça dos Anjos esteja sempre com eles, como está conosco mortais.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O Tempo.

O tempo, em silencio beija-me os lábios empoeirados.
O tempo que inexiste nos relógios e calendários, mas bate ritmadamente dentro do peito enquanto dança ao nosso redor. Oh tu! Que trazeis em sussurros de segredos as certezas. Que limpa as marcas do passado e és somente o hoje.
Tu, que és a grande ilusão dos homens e também o grande medo que os devora.
Tempo, que és impiedoso e a única justiça capaz de guardar o passado e golpear com ele, a consciência humana.
Oh tu! Trazeis a mim incontáveis luares contemplados com o coração limpo e a alma pura.
E que as certezas que me destes, continuem a se validar.
E acima de tudo, jamais haja em mim arrependimento ou medo, pois não guio meus passos futuros. Eu sigo a ti, e somente a ti, o Tempo.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Florescer em mim.


A poesia que se recusa a brotar, as palavras que escorrem por entre os dedos como areia na ampulheta, as palavras que brotam na mente e morrem antes mesmo de me escapar aos lábios, a intensidade do instinto sufocado, o calor dos olhares que memória insiste em não guardar e principalmente a frieza de uma alma que de tanto mentir pra si mesma, cansa de se ferir dentro de um coração tão duro.
Em vão, acabam por me entregar e se tornam prova viva da veracidade dos passos que me levam até ti.
A poesia, as palavras, o instinto, as miudezas, o calor e o conforto do sentir mesmo que seja por vezes medo, brotam em mim como a rosa que brota solitária, quase que por milagre na beira de um abismo.
Floresce então no calor de um cuidado, no conforto dos braços e nas curvas dos lábios meu negro jardim.
Floresce sem pressa, ao pálido brilho do Luar, meu espírito traz o sopro suave da brisa melancólica e rega com a minha própria essência que gota a gota dissolve a dureza no peito.
Floresce tranquilo, ao seu próprio tempo, sendo seu próprio senhor porque o desejo se florescer é maior do que tudo.
Floresce no escuro sem medo de se ferir em seus próprios espinhos ou receio de exalar seu doce perfume. Floresce selvagem, naturalmente.
Floresce porque quer e porque está acima de nós, inevitável.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Presença.

É a voz do silêncio gritando em mim.

Deixe-me beijar suas pálpebras fechadas
Deixe-me consertar seu coração quebrado
Deixe-me aquecer seus lábios
Deixe-me banha-lo em meu sangue.
Deixe-me voar ao teu lado, calada.
Beije.
Meus lábios empoeirados.
Toque.
Minha ferida aberta.
Sinta. A batida fraca do coração meu peito.
Segure firme, a vida que ainda corre.
Escorre.
O meu corpo está ficando tão frio.
Aqueça minha alma.
Por apenas essa noite.
Deixe-me voar ao seu lado.
Muda e inconsciente, para sempre.