sexta-feira, 26 de abril de 2013

Florescer em mim.


A poesia que se recusa a brotar, as palavras que escorrem por entre os dedos como areia na ampulheta, as palavras que brotam na mente e morrem antes mesmo de me escapar aos lábios, a intensidade do instinto sufocado, o calor dos olhares que memória insiste em não guardar e principalmente a frieza de uma alma que de tanto mentir pra si mesma, cansa de se ferir dentro de um coração tão duro.
Em vão, acabam por me entregar e se tornam prova viva da veracidade dos passos que me levam até ti.
A poesia, as palavras, o instinto, as miudezas, o calor e o conforto do sentir mesmo que seja por vezes medo, brotam em mim como a rosa que brota solitária, quase que por milagre na beira de um abismo.
Floresce então no calor de um cuidado, no conforto dos braços e nas curvas dos lábios meu negro jardim.
Floresce sem pressa, ao pálido brilho do Luar, meu espírito traz o sopro suave da brisa melancólica e rega com a minha própria essência que gota a gota dissolve a dureza no peito.
Floresce tranquilo, ao seu próprio tempo, sendo seu próprio senhor porque o desejo se florescer é maior do que tudo.
Floresce no escuro sem medo de se ferir em seus próprios espinhos ou receio de exalar seu doce perfume. Floresce selvagem, naturalmente.
Floresce porque quer e porque está acima de nós, inevitável.

2 comentários:

  1. Sr. Cafeina está sem inspiração no momento, então vou dizer
    que teu texto está como sempre magnifico, as palavras tambem me escorrem dos dedos nesse momento

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