sábado, 13 de outubro de 2012

Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga,

-Bocage
Calavera.- Última Arte digital.

Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga,
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
 De meus desgostos secretária antiga!

Pois manda Amor que a ti somente os diga
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel que a delirar me obriga.

 E vós, ó cortesão da escuridade,
 Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar o meu coração de horrores.

domingo, 7 de outubro de 2012

O corpo Bizarro.



Eu não sou meu corpo.
Quanto menos essa carne que me fere.
Eu sou a morte da estética,
dos sentidos
e dos conceitos há muito pré-estabelecidos.
 Daquilo que chamam amor, alegria, sofrimento e agonia.
Eu sou a revelação sutil das verdades que não foram ditas
e o orgulho da cicatriz dessas feridas.
 Eu sou a força que vem de dentro, o que silencia escondido.
Aquilo que cravado em minhas entranhas
ninguém jamais poderá apagar, roubar ou arrancar de meu ser,
cravejado em cada milímetro de minha própria criatura.
 Eu sou.

EDGAR ALLAN POE - Homenagem.

Hoje completam-se 163 anos da morte do Mestre da Literatura Fantástica e Gótica, Edgar Allan Poe e como fã e absolutamente apaixonada que sou, homenageio o gênio com um dos poemas mais belos, idealistas e ainda assim carregado de verdade da história. Um poema clichê sim, e que foi a minha porta de entrada para que fosse da simples leitura fantásticas à uma paixão completa por Literatura.
Obrigada Poe, por iluminar o meu caminho até nomes como Augusto dos Anjos, Machado de Assis, Marques de Sade e Goethe, até se aprofundar em Lord Byron, Maquiavel e Nietzsche. 
E foi das coisas que amei sozinha, que nasceu meus melhor saber.
Obrigada Poe, por ter deixado mais do que Obras! Por ter deixado traçados caminhos para a expansão da mente e da alma. Por ter deixado por meio do conhecimento, palavras das quais, condensadas jorra experiência de vida.

“Um sonho num sonho”

Este beijo em sua fronte deponho
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
Ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria
O que vejo, o que sou e suponho
Não é mais do que um sonho num sonho.

Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minhas mãos grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.
São tao poucos! Mas me fogem, pelos
dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! Meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto nas mãos, tanto e tanto?
Ah! Meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Reflexo.


No fundo do jardim havia uma sombra
Que bailava por entre árvores e flores
Bailava ao redor de uma fonte
Onde se projetava uma fraca imagem
Do que fora aquela sombra
Nos dias em que a glória
Pairava em seu jardim.